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As funções da linguagem

Para escrever um bom texto, além de outros aspectos, é preciso utilizar recursos da linguagem, seja para defender uma perspectiva, como no caso de uma argumentação, ou para apenas explicitar algum conceito ou definição, como em textos expositivos.

Diante disso, conheça um pouco sobre as funções da linguagem, as quais se baseiam em alguns elementos que a compõem, sendo eles:

O emissor é quem emite o texto escrito ou falado;

O receptor que é a pessoa à qual esse texto se destina;

A mensagem é o conteúdo, as informações contidas em tal texto;

O canal de comunicação é o meio pelo qual a mensagem é passada;

O contexto em que ela foi produzida, o assunto ao qual ela se referencia;

E o código é o meio pelo qual a mensagem é produzida, como a Língua Portuguesa ou algum símbolo.

Roman Jakobson, com base em cada um desses aspectos que envolvem uma interação por meio da linguagem, propôs seis funções para ela, as quais nos ajudarão a compreender as finalidades de um texto. Conheça, então, as características de cada função da linguagem e exemplos de sua aplicação.

 

FUNÇÃO EMOTIVA: A primeira delas tem como centro o emissor, é predominantemente construída em primeira pessoa e o seu caráter subjetivo fica evidente, pois ela tem como missão apresentar para o receptor o ponto de vista do locutor da mensagem. Isso ocorre quando uma pessoa conta um relato pessoal, ou ainda, em uma carta do leitor, em que ela apresenta a sua opinião sobre um assunto ou notícia. Vejamos um exemplo:

Cigarrinho do bom

"Essa ideia de produzir tabaco menos prejudicial à saúde (“O Novo Cigarro”, junho) pode levar muitas pessoas ao cigarro, ignorando a principal ameaça, o vício. Começa sempre devagar, com um ou dois cigarros por dia, até chegar ao ponto em que a pessoa já está dependente. O cigarro deveria ser proibido. Claro que não da noite para o dia, mas aos poucos, até não existir mais esse lixo na nossa sociedade. Vitor Fernandes.”

(Carta do leitor. Disponível em: <TTPS://super.abril.com.br/comportamento/cartas-enviadas-a-super/>. Acesso em 06/08/2018).

FUNÇÃO CONATIVA: Já, a função conativa tem como objetivo persuadir o receptor da mensagem, ou seja, o locutor produz esse texto pensando no convencimento do leitor. Tal função é característica essencial nas propagandas, nas quais são empregados verbos imperativos para convencer o leitor a consumir um produto ou a mudar de opinião sobre algo, influenciando-o. Essa função também é empregada em textos instrucionais, nos quais é preciso conduzir o leitor a seguir uma ordem, ou cumprir determinada tarefa.

(Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_mkJT3X3kEH4/S4XwR0Mb6rI/AAAAAAAAAAM/qDTl7jT03mM/s1600-h/dengue.jpg>. Acesso em 06/08/2018).

(Disponível em: < https://cargocollective.com/betinanilsson/Abra-a-felicidade-Coca-Cola-Sequencial-Midia-externa>. Acesso em 06/08/2018).

FUNÇÃO POÉTICA: A terceira função tem como objetivo a mensagem produzida e é predominante em textos poéticos, como o nome já introduz. Ela, por sua vez, é a função que se preocupa em como a mensagem será formada, as palavras, as figuras de linguagem e as expressões com sentido conotativo também a caracteriza.

(Tensão - Augusto de Campos, 1956. Disponível em <http://www2.uol.com.br/augustodecampos/poemas.htm>. Acesso em 06/08/2018).

 

FUNÇÃO FÁTICA: É a função que tem ênfase no canal de comunicação e acontece no momento em que o emissor quer prender a atenção do receptor para a conversa ou ainda, quando, ele quer atestar-se de que a comunicação está sendo mantida, como em uma chamada telefônica em que falamos: “alô, você está aí?” quando pensamos que a outra pessoa pode não estar nos ouvindo. Ou, ainda, quando concordamos no meio de uma fala com pequenos sons: “aham”, “hum” para que o outro saiba que está havendo uma comunicação.

 

(Calvin e Haroldo. Disponível em <http://jorgesilvageek.blogspot.com/2016/12/calvin-e-haroldo-tirinha-30.html>. Acesso em (06/08/2018).

 

FUNÇÃO REFERENCIAL: Essa função, por sua vez, tem como objetivo informar o receptor da mensagem sobre um assunto e, portanto, é predominante o emprego da 3ª pessoa. Diante disso, a mensagem deve ser clara, direta e objetiva, de modo que o leitor compreenda com facilidade.

Como exemplo são os textos dissertativos geralmente cobrados em concursos, vestibulares e no Enem, pois neles é essencial que o leitor entenda com clareza o ponto de vista e as ideias que você defende, sempre com ênfase no assunto a ser desenvolvido. Essa função também é utilizada em bulas, manuais de instrução ou livros didáticos.

“Alguns dos efeitos colaterais de Ibuprofeno podem incluir tontura, urticária na pele, reações de alergia, dor de estômago, náusea, má digestão, prisão de ventre, perda de apetite, vômitos, diarreia, gases, dor de cabeça, irritabilidade, zumbido, inchaço e retenção de líquidos.”

(Bula de Ibuprofeno. Disponível em <https://www.bulario.com/ibuprofeno/>. Acesso em 07/08/2018).

 

FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: Essa função, por sua vez, tem como ênfase o código, ocorre quando o uso de um código ou da linguagem é utilizado falar dele mesmo. Como exemplo um texto poético em que o poeta fala sobre o processo de se fazer poesia, como escreveu Carlos Drummond de Andrade:

Poesia

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

e não quer sair.

Mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.”

 

Ou ainda, como retrata o filme “Cinema Paradiso” (1988), em que a narrativa discorre sobre o cinema:

“Nos anos que antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto (Jacques Perrin), agora um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.”

(Sinopse: Cine Paradiso. Disponível em <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-4989/>. Acesso em 07/08/2018).

 

Por fim, cabe pontuar que em um único texto pode haver a presença de funções diferentes ao mesmo tempo, embora uma delas será a predominante. Dessa forma, é essencial ter clareza sobre as características do tipo textual a ser produzido, assim você saberá qual elemento precisa dar ênfase e, consequentemente, saberá qual função da linguagem precisa seguir e qual também pode ser empregada de maneira harmônica. Agora, para compreender como se dá o entrelaçamento entre os elementos e as funções da linguagem, observe a estrutura abaixo:

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